Um ex-comandante do tráfico de drogas no Amazonas se converteu na
prisão e se tornou pastor evangélico e cantor gospel. Se a história
parece comum a muitos testemunhos contados Brasil afora, José Eduardo
Marques tratou de ir além e gravou seu quinto DVD na prisão.
Aos 40 anos de idade, o antigo “xerife” do narcotráfico no Amazonas
gravou o DVD na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), com a presença
de 400 detentos e 200 familiares dos presos, além de autoridades, como o
secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Louismar de Matos
Bonates, e do diretor da unidade prisional, Enderson Passos Navegante.
“Hoje eu sei o que um pai sente quando perde um filho, eu sei o que é
vender drogas para uma criança. Hoje eu vejo a desgraça que eu fazia na
vida dos outros”, disse o pastor Marques. “Podem se aproximar meus
irmãos, não tenham medo, antigamente nós aparecíamos na televisão sendo
humilhados, agora vamos aparecer louvando a Deus, como homens novos”,
acrescentou.
Durante o evento, o pastor relembrou seu passado e exaltou o talento
dos colegas de prisão para tocar forró: “Essa é minha sétima cadeia e é a
primeira vez que eu vejo um secretário entrar aqui no Puraquequara. Eu
ia trazer uma banda pra tocar comigo, mas aqui dentro nós temos muitos
talentos e que agora vão tocar para glorificar o nome de Deus”, disse.
Ciente de que a sociedade tem ressalvas para com condenados
reincidentes, o pastor usou a Bíblia para falar de sua transformação:
“Sei que muitos ainda não acreditam na minha conversão, mas eu não
preciso provar nada para o homem, mas sim para Deus. Quero sair daqui e
dar meu testemunho de vida, pois acredito que vai salvar muita gente
[...] ‘Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e
dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo’”, disse José
Eduardo Marques, citando Hebreus 13:3.
O diretor da unidade afirmou que durante o ano em que está à frente
da unidade prisional, já notou que as atividades religiosas ajudam a
manter o bom comportamento dos presos: “Essas atividades ajudam a manter
a paz e o bom comportamento dos detentos. Aqui nós recebemos pastores,
padres, pastoral carcerária e eles fazem a opção do que seguir. Trazer a
palavra de Deus é sempre bom”, disse Enderson Passos Navegante ao
jornal A Crítica.
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