Questões ligadas ao vestuário feminino sempre despertaram discussões
acaloradas entre os evangélicos, e quase sempre, as doutrinas das
igrejas – em especial as pentecostais – impõem restrições às
frequentadoras em relação a decotes, comprimento de saias e vestidos,
entre outros.
O pastor Silas Malafaia tratou do assunto em um artigo, e apresentou
sua opinião a respeito de como a mulher deve se vestir: “As mulheres
cristãs devem vestir-se com modéstia, moderação, decência, sobriedade,
ou seja, com trajes decentes e honrados, evitando modismos indecentes
que as desqualifiquem como servas de Deus. Elas devem evitar a
ostentação, o exagero, a falta de compostura e a sensualidade. Esse é um
princípio que transcende as culturas e o tempo, portanto permanece até
os nossos dias”, escreveu o líder da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, fazendo referência às recomendações de Paulo (Timóteo 2:9,10) e
Pedro (1 Pedro 3:3,4).
No entanto, Malafaia tratou de desmistificar uma questão muito
abordada quando se trata do vestuário feminino: “O modo de vestir-se tem
a ver com questões socioculturais, mas não é uma condição para a
salvação. Logo, não pode ser considerada doutrina bíblica. Costumes não
são doutrinas. As mulher e os homem para os quais Moisés ensinou as
regras na Torá vestiam-se com roupões, túnicas longas. O homem não usava
terno, e a mulher não tinha vestidos como os que conhecemos hoje. A
diferença da roupa do homem para a da mulher muitas vezes era apenas uma
questão de tamanho, cor e ornamentos. (Atente para as vestimentas
usadas no Oriente Médio ainda hoje.) Logo, hoje em dia, não são as
calças compridas que caracterizam as vestes masculinas. Existem calças
para homens, e calças bem femininas, para as mulheres”, afirmou,
pontuando uma questão que gera polêmica ainda hoje em diversas
denominações.
Segundo Malafaia, a questão da vestimenta abordada por Moisés no
Velho Testamento pode ter ligação com o princípio contrário à
homossexualidade: “É provável que, sabendo que o Senhor preza as
diferenças entre o feminino e o masculino e o relacionamento
heterossexual, mas que certas religiões pagãs antigas apregoavam o uso
de roupas ‘unissex’ e o homossexualismo, Moisés, orientado por Deus,
para combater tal influência cultural pecaminosa, tenha ordenado: ‘Não
haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher;
porque qualquer que faz isto abominação é ao Senhor, teu Deus’.
Deuteronômio 22:5”, contextualizou o pastor.
“Contudo, ainda na atualidade, há líderes religiosos que,
desconsiderando as questões culturais nos textos do Antigo e do Novo
Testamento, proíbem às mulheres o uso de brincos, de maquiagem, da
calças compridas. Não estou condenando os pastores que são mais rígidos
quanto aos costumes, apenas esclarecendo as diferentes interpretações de
textos considerados básicos para a permissão ou a proibição de calças
compridas, brincos e maquiagem”, observou o pastor, lembrando das
questões que são peculiares às igrejas brasileiras.
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